sexta-feira, janeiro 28


UM POUCO SOBRE VIDA E OBRA DE UM GRANDE AUTOR PARAENSE

Antônio Nazaré Frazão Tavernard, poeta, contista, cronista, romancista paraense e autor do Hino do Clube do Remo, nasceu na Vila São João de Pinheiro, atual Icoaraci, município de Belém, em 10 de outubro de 1908 e faleceu na capital paraense em 02 de maio de 1936 vítima da hanseníase, incurável nos tempos do poeta. A maior parte das suas obras é marcada pelo sofrimento que a hanseníase lhe causava. Seus versos refletiam a tristeza e a melancolia que ele sentira devido a impossibilidade de viver a vida por causa de sua doença incurável nos tempos do poeta.
                Os poemas abaixam retratam assiduamente a angústia e o sofrimento de Tavenard, mas podemos observar que ele “nunca se limitou à dor”, escrevendo até seus últimos instante de vida. Que seus poemas e sua história de vida nos sirvam de lição:
Nunca devemos nos limitar ou desistir dos nossos sonhos perante os momentos de dificuldades, e sim persistir, lutar e agir até o último suspiro.  

SONHOS DE SOL
“Nesta manhã tão clara é sacrilégio
o se pensar na morte. No entanto
é no que penso úmidos de pranto
os meus olhos cansados.
Sortilégio
de luz pela cidade... As casas todas,
humildes e branquinhas
lembram gráceis e tímidas mocinhas
no dia de suas bodas.
Morrer assim numa manhã tão linda,
risonha, rosicler,
não é morrer... é adormecer ainda
na doce tepidez de um seio de mulher!
Não é morrer... é só fechar os olhos
Para melhor sentir o cheiro do jasmim
Escondido da renda nos refolhos!...
Ah! Quem me dera que eu morresse assim.


ÚLTIMA CARTA
"Sobre o leito de morte do poeta, foi
encontrado esse papel cheio de letras
trêmulas e manchado de lágrimas".

Por que não me vens ver? Estou doente...
É possível que morra com o luar...
Anda, lá fora, um vento, tristemente,
as ilusões das rosas a esfolhar.
E, aqui dentro, na alcova penumbrada,
onde arquejo, sozinho, sem sequer
a invisível presença abençoada
de um pensamento meigo de mulher,
há o desconsolo imenso, a imensa dor
de alguém que vai morrer sem seu amor...

De quando em quando,
o coração, que sinto
cada vez mais cansado, se arrastando,
marcando o tempo, recontando as horas,
pergunta-me, num sopro quase extinto,
quando é que virás...
Volta depressa, sim?... Se te demoras,
já não me encontrarás...

Ouço, longe, a gemer de harpas eólias...
É de febre... Começo a delirar...

Desabrocham, no parque, as magnólias...
Vem surgindo o luar...
E, como a luz do luar que vem nascendo,
eu vou aos poucos, meu amor, morrendo...
De quando em quando,
o coração, que sinto
cada vez mais cansado, se arrastando,
marcando o tempo, recontando as horas,
pergunta-me, num sopro quase extinto,
quando é que virás...
Volta depressa, sim?... Se te demoras,
já não me encontrarás...

Ouço, longe, a gemer de harpas eólias...
É de febre... Começo a delirar...

Desabrocham, no parque, as magnólias...
Vem surgindo o luar...
E, como a luz do luar que vem nascendo,
eu vou aos poucos, meu amor, morrendo...

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